quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Dificuldades de Aprendizagem

Compreende-se dificuldade de aprendizagem como uma perturbação em um ou mais processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou utilização da linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se por uma dificuldade de escutar, ler, soletrar ou realizar cálculos matemáticos.
Muitas vezes as dificuldades de aprendizagem são concebidas como problemas insolúveis mas, antes disso, são desafios que fazem parte do próprio processo da Aprendizagem, a qual pode ser normal ou não-normal. É muito importante realizar a avaliação global da criança ou adolescente, junto a um profissional da área da saúde mental, considerando as diversas possibilidades de alterações no processo ensino-aprendizagem, para que o tratamento seja o mais específico e objetivo possível, minimizando transtornos ao paciente e sua família.
Em relação aos problemas de comportamento, os fatores mais comuns no desenvolvimento de dificuldades de aprendizagem são o Déficit de Atenção – Hiperatividade, Depressão Infantil e a Ansiedade (de Separação) na Infância. Os problemas emocionais que levam a criança a apresentar um baixo rendimento escolar devem ser tratados por um psicólogo, uma vez que existem grandes possibilidades de superação e quanto antes for diagnosticado mais eficaz será o tratamento.

Muitas vezes o diagnóstico pouco criterioso de "hiperatividade", "fobia escolar", dentre outros, serve como atenuante para alguma comodidade ou incapacidade da escola para lidar com processos e métodos de aprendizagem, por isso, cada caso deve ser avaliado particularmente, incluindo na avaliação o entorno familiar e escolar. Se as dificuldades de aprendizagem estão presentes no ambiente escolar e ausentes nos outros lugares, o problema pode estar no ambiente de aprendizado e não em algum distúrbio orgânico ou emocional da criança, devendo os pais estabelecerem um maior vínculo com os educadores a fim de conhecer sua metodologia de ensino.
Muitas vezes as dificuldades de aprendizagem são reações compreensíveis de crianças normais, porém, obrigadas a adequar-se às condições adversas das salas de aula. Muitas crianças sensíveis e emocionalmente retraídas passam a apresentar dificuldades depois de submetidas à alguma situação constrangedora não percebida pelos demais. Trata-se de uma situação corriqueira agindo sobre uma criança afetivamente diferenciada, que nem sempre a escola, incluindo a professora e demais colegas de classe, percebem.
Normalmente as crianças que apresentam dificuldades específicas no início da escolarização precisarão de maior atenção. São crianças que terão de desenvolver suas habilidades de apreensão daquilo que é ensinado. Portanto, cada uma delas precisa ser investigada e compreendida particularmente em suas dificuldades, com o auxílio de profissionais preparados para atender suas necessidades, como psicólogos e psicopedagogos, dentre outros.


Daniela Ribas Lau
Psicóloga, Psicopedagoga e Educadora

sábado, 19 de setembro de 2009

Sentir Ciúme é Normal?

Todos nós já sentimos ciúme pelas coisas que gostamos, sentir ciúme pelo que ou por quem gostamos é normal, faz parte do cuidado, do querer bem e ser amado. Um pouco de ciúme na relação amorosa significa que não se é indiferente ao parceiro, e que se zela pela continuidade da relação. Mas o ciúme desmedido pode tornar-se uma doença. A partir daí não há mais cuidado e nem zelo, mas sim controle e desconfiança.
A primeira arma contra o ciúme doentio é o diálogo, primeiro consigo mesmo: Há motivos para esse sentimento? Será apenas insegurança minha? E dialogar também com o parceiro ou parceira, contando como se sente em determinadas situações e buscando mudanças que procurem respeitar aos dois.
A pessoa que apresenta ciúme excessivo, insegurança e desconfiança de tudo e de todos, não acreditando que possa ser verdadeiramente amado(a), necessita procurar por atendimento psicológico, pois se não houver um acompanhamento profissional, ocorrerá uma sucessão de relações infelizes. A tendência é que a pessoa, mesmo mudando de parceiro(a), tenha os mesmos comportamentos.
Sentir ciúme faz parte das relações com quem amamos, mas temos que cuidar para que ele não passe dos limites e vire uma doença que só traz destruição.


Daniela Ribas Lau
Psicóloga, Psicopedagoga e Educadora

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Infância e Adolescência na História: A Garantia de Direitos e o Protagonismo Infanto-Juvenil


A infância tal como é concebida hoje, como fase de desenvolvimento, surgiu em meados do século XVII com a intervenção da igreja e dos poderes públicos a fim de combater os altos índices de mortalidade infantil. A escola surgiu nesse contexto como um lugar de quarentena onde as crianças recebiam cuidados e proteção fora do cotidiano dos adultos (internatos). Nessa época, a passagem da infância para a fase adulta dava-se através de ritos de passagem, não havendo fase intermediária.
Com o advento da Modernidade, especificamente após a Primeira Guerra Mundial, esse conceito social evoluiu difinindo-se a adolescência como fase de vigor e alegria, um tempo antes inexistente na cultura: o tempo de ser feliz, uma fase intermediária de construção da personalidade que vem a suprimir os ritos de iniciação antes existentes nos quais se passava diretamente da infância para a vida adulta fazendo a inserção do novo adulto na cultura.
Em 1927 é criado o primeiro código de menores no Brasil, sendo reformulado em 1979, o qual regulamentava a assistência e vigilância dos menores de 18 anos de idade em situação irregular, criando instituições responsáveis tanto pela proteção, como orfanatos, quanto de repressão, como a FEBEM. No dia 13 de julho de 1990 foi promulgada a Lei Federal 8.069, denominada Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), uma legislação que institui a criança e o adolescente como sujeitos de direitos, criando assim um novo marco em nossa história.
O ECA, ao instituir a criança e o adolescente como sujeitos de direitos e em formação, lançou um novo olhar sobre as instituições sociais, atribuindo-lhes novas responsabilidades. A Escola, assim como a família e a comunidade passaram a ter papel relevante na construção de sujeitos cidadãos, assim como a sociedade civil organizada passou a ter poder deliberativo nas ações do poder público o qual abrangeu suas ações passando a ser um agente fiscalizador e promotor da garantia de direitos.
Neste contexto, a infância, assim como a adolescência se instituiu como uma fase de cuidados especiais com direitos garantidos pela lei. Sabemos, porém que mesmo que hajam tais garantias, efetivá-las é uma tarefa árdua que em algumas situações torna-se utópica, uma vez que existem muitos problemas sociais a serem superados em nosso País (e no mundo), como a miséria, a fome, a marginalidade, a falta de assistência médica e a precariedade da assistência Social, que não possui dotação orçamentária suficiente para dar conta das desigualdades sociais.
Porém, mesmo em meio a dificuldades, tanto o poder público quanto a sociedade civil organizada buscam meios de superar dificuldades e estimular o protagonismo infanto-juvenil, criando novas possibilidades de inserção de jovens na sociedade e no mercado de trabalho através de atividades sócio-educativas em suas comunidades e nas escolas.
As utopias são necessárias para que possamos evoluir enquanto sujeitos. Se acreditarmos que nada que existe em nós poderá fazer diferença no mundo, não valerá a pena dar o nosso máximo, buscar quebrar o ciclo da pobreza e da marginalidade, quebrar a redoma da desigualdade, do preconceito, da individualidade e do consumismo. Os jovens, ao serem estimulados a estudar, sonhar, crescer, buscar seus direitos e sua cidadania, podem construir perspectivas de um futuro melhor e de uma sociedade mais fraterna.
O protagonismo infanto juvenil é a chave que dará ignição ao novo processo de mudança cultural. Não podemos enquanto educadores aceitar que os rótulos criados pela sociedade (e por nós mesmos) suprimam a criatividade e os sonhos dessa nova geração que possui um potencial inovador, que está sendo desperdiçado por falta de estímulo, já que a nossa geração (dos professores) viveu sua juventude em uma época diferente, onde o novo não era bem vindo, o diferente deveria ser uniformizado e as saliências deveriam ser aparadas.
O caminho é longo, já que não possuímos mapas nem receitas, e tampouco tivemos formação para lidar com tantas mudanças em um período tão curto de tempo. Sentimos angústia ao ver que somos superados em nossas habilidades com facilidade pelos jovens. Sabemos porém, que possuímos um tesouro que queremos compartilhar com essas férteis mentes, que é o conhecimento e a maturidade.
Está na hora de compartilhar saberes... foi dada a largada!


Daniela Ribas Lau
Psicóloga, Psicopedagoga e Educadora

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Amor e Diálogo: Uma parceria perfeita



O início de um relacionamento, em geral, é algo bastante mágico e feliz, repleto de belezas. Quando apaixonados, andamos nas nuvens, flutuando pelo ar. Fazemos "vistas grossas" para as diferenças e hábitos do outro que muitas vezes, posteriormente, são vistos como defeitos. Já as qualidades do outro são multiplicadas e ele parece-nos perfeito assim também como a nós mesmos quando nos olhamos refletidos em seu olhar.
Com o tempo e a convivência, aquilo que inicialmente era perfeito começa a ganhar contornos humanos. Aparecem as diferenças entre os parceiros. Inicialmente as diferenças decepcionam e fazem com que ambos se sintam enganados como se o outro tivesse omitido tais características.
A maioria das pessoas quando sentem-se magoadas, entristecidas ou desrespeitadas pelo parceiro ou parceira tendem a se fechar e não falar da situação em conflito, com o intuito de minimizar o problema e preservar a relação, sem perceber porém que a situação de conflito fica cristalizada e fere o amor entre os dois.
Deixar conflitos pendentes em uma relação pode gerar um tabu e enfraquecer a relação, pois as pendências tendem a se repetir, ampliando o conflito tornando difícil o relacionamento. Muitas pessoas confundem diálogo com acusações, e acham que devem falar tudo que sentem para o outro sem nenhum filtro, tendo um ponto de vista egoísta sobre seus problemas. Esta postura pode tornar o relacionamento hostil e superficial, já que uma das partes não reconhece seus próprios defeitos.
Uma maneira de falarmos para o outro, de forma sincera, sobre uma situação conflitiva é utilizando um fato vivenciado por ambos falando de forma clara e não agressiva como aquilo lhe afetou. Contando para o outro como nos sentimos frente a determinada atitude dele ou situação, estaremos nos posicionando frente o acontecido fazendo com que se coloque em nossa posição.
Só posso falar como nos sentimos depois de olhar para dentro de nós mesmos e encontrarmos as palavras que definem exatamente o que sentimos. Através do auto-conhecimento podemos expressar de forma mais adequada como nos sentimos, e o que queremos de uma relação. Para isso, precisamos dialogar muito, pois se somos complexos os outros também o são.
Encontrar-se para encontrar o outro, escutar para ser escutado, compreender para ser compreendido, eis o desafio maior de um relacionamento fundamentado no amor. Assim é trabalhoso, mas também encantador e compensador poder construir um relação verdadeira.